Artista contemporâneo
referenciado na atualidade
artística angolana como um dos mais competentes quadros humanos promissores com
potencialidades para fazer crescer, formar e contribuir para melhorar o olhar
artístico da juventude do seu país.
Paulo Kussy nasceu em Angola
em 1978 e muito cedo viajou para Portugal com os seus familiares onde estudou
em todos os ciclos de ensino, concluiu a sua formação académica em artes
plásticas pintura e especializou-se em anatomia artística pela Faculdade de
Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Como artista, o Kussy inicia-se pelo desenho, encontrando na
expressão da pintura graffiti e
murais a linguagem para se comunicar com o mundo numa atitude de alguma
irreverência da própria juventude, por influências doutros jovens que gostavam
igualmente da adrenalina e o espírito autêntico reconhecido desta arte das
paredes urbanas e suburbanas da grande região Lisboeta. É em Oeiras e arredores
que o artista encontrou o espaço para explorar as pinturas murais, conquistando
territórios assinados com propriedade de combatente urbano assumido como Yssuk.
Este nome é o elemento mais relevante na sua fase inicial que compõe muitas das
variantes compositivas dos painéis pintados por Paulo.
Quanto mais pintava, mais
assumia a sua condição de artista plástico e gradualmente vai deixando de ser Yssuk para assumir a sua real
identidade como Kussy, enquanto homem livre e aberto para o mundo.
Esta condição de sujeito
universal, sempre preocupado com a espécie humana e a sua dimensão no universo,
vai se refletir nos
seus futuros trabalhos como artista plástico. Desenhador rigoroso, conhecedor
da história das artes e admirador da beleza humana, o Paulo Kussy escolhe a
figura humana como o elemento mais importante nas suas composições tal como os
artistas mais clássicos o fizeram durante toda a história das artes. O seu
interesse pelo conhecimento do classicismo e pela anatomia humana assumem a
transcendência do seu olhar criativo assim como o rigor geométrico na
idealização e construção espacial elevam-se em jogos oníricos, representados num
ambiente erótico muito peculiar deste artista angolano.
O que é muito interessante
questionar-se também nas suas telas (e em todo o seu trabalho) é ausência de
elementos iconográficos e registos conceptuais que o rementem para uma certa
espacialidade africana ou particularmente angolana. O seu elevado conhecimento
literário e a influência da cultura europeia presenteiam
o observador, estimulando-o para uma
contemplação mais universal, como acima anotei. Não é mais importante fazer da
identidade angolana a sua abordagem temática. É fundamental, sim, refletir com
maior amplitude para além do território continental africano onde todos os
seres humanos se cruzam, construindo uma relação mais harmoniosa entre si
distanciando-se de todos os conflitos que têm caracterizado as sociedades
modernas de todos os continentes. Afinal de contas, os seres humanos vivem e
enfrentam problemas semelhantes na esfera terrestre. Daí a necessidade de
observar, estudar, analisar questões comuns da humanidade que reflitam e
elevam o pensamento e atitude humana para um nível superior.
As suas figuras desenhadas
sempre em clássico nu de poses exaustivamente estudadas até ao mais ínfimo
detalhe de elementos musculares, ao contrário do nosso entendimento básico, é
uma representação que coloca o sujeito no seu no plano ideal. Um plano em que a
beleza anatómica modela o espaço social de uma arquitetura edificada por idealismo mais puro da mente das pessoas.
São essas premissas que nos
ajudam a ler e entender muitas das pinturas deste artista que herdou os valores
do classicismo e bem os trouxe para a contemporaneidade.
Tanto nas pinturas murais como
nas telas a grande escala condicionam a elaboração estruturada da composição de
cenas imaginadas ou recriadas a partir de apropriação de outras obras
conhecidas da história de arte criando ambientes novos para impressionar e
satisfazer a fruição do observador.
Constatamos as preocupações e
a necessidade de comunicação do Kussy ao analisarmos os seus projetos artísticos dos últimos quinze anos. “ANATOMILIAS I”, “ANATOMILIAS II”, “Fitas
Magnéticas”, “Despindo a Pele” e outros ensaios são exemplos conseguidos de
crescimento e alcance de maturidade criativa fazendo do Paulo Kussy um artista
que experimenta a poesia pintada num registo apelativo para qualquer escritor
admirador da narrativa muito descritiva. Na simplicidade como apresenta as suas
ideias aponta elementos de elevada curiosidade contemplativa fertilizando a
mente de qualquer observador. Há sempre detalhes por descobrir cada vez que se observa as suas pinturas. Entre um fundo liso ou de
paisagem urbana, as figuras despidas que nelas habitam quase visualmente
construídas como máquinas cuja dinâmica compositiva espelha ideias dum mundo
que só habita na mente deste criador.
Do conjunto das suas obras de
uma policromia muito intensa em contrastes quentes e frios experimentamos no
exercício do olhar a necessidade de preenchermos os espaços vazios ou
preenchidos das suas telas como se o próprio observador estivesse dentro da
composição.
Convida-nos a entrar
mentalmente na cena!
As grandes escadas destas
composições permitem-nos participar na alegoria encenada pelos seus habitantes
pintados em linhas graficamente expressivas para conquistar a espacialidade
cenográfica…
Assim, tanto o Yssuk como o
Kussy, ambos se comunicam com o mundo pela monumentalidade dos seus painéis ou
a entrega gingante da sua espiritualidade para aproximar-se da essência que
ambiciona estar mais próximo do poder divino: o poder
da criação.
Fonte: Plataforma Cafuka
http://cafuka.com/paulo-kussy