quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Porque devemos com todo o respeito esta homenagem ao Jone


Amâncio Jorge da Cruz mais conhecido por Jone faleceu, vítima de doença prolongada,  no dia 17-08-2015 e foi enterrado em 18-08-2015 na cidade de São Tomé.

Membro fundador da UNEAS – União Dos Artistas e Escritores Santomenses, Amâncio da Cruz conhecido artisticamente como Jone (John, Jones...) foi escultor desde os meados dos anos 70 aprimorando as técnicas do baixo-relevo ainda como estudante liceal. Contemporâneo do Cesaltino da Fonseca, Protásio Pina, Ciceroon Narciso, José Viana – Zeca entre outros, criou a sua oficina de marcenaria e escultura em 1980, denominada “Na Fulufa”, que viria depois a ser atelier-escola de referência no país por ter acolhido e contribuido para a formação de novas gerações de escultores, artesão-escultores.

A antiga escola Técnica influenciou duma certa forma as habilidades de alguns fazedores de arte popular. E o Jone teve contacto com algum desses fazedores. Mas as influências do Protasio Pina e a fotografia  marcou muito os baixos relevos deste artista na segunda fase e numa terceira fase os desenhos de Ismaël Sequeira apartir de 1986 mudou o rumo das suas composições através de uma expressão mais criativa transfigurando as figuras humanas, formas animadas e inanimadas. Este último gênero por sua vez foi ganhando terreno enquanto aumentava o número de fazedores de escultura em madeira. Se por um lado as artes plásticas se afirmava e a escultura ganha espaço artístico a escultura popular também crescia através do movimento expontâneo que se revelava na sociedade santomense. Aumentou o interesse dos santomenses mas os estrangeiros (cooperantes e turistas) muito contribuiram para o aumento comercial, valorização e reconhecimento social duma arte que ainda era conhecida como escultura tosca.

O contributo de figuras como o Jeam Paul – director do Centro de Documentação Técnico Científica (Aliança Francesa), professor Maurice Elbaz – realizador e professor no Centro de Ensino de Francês, Dr. Manuel Silva Pereira – Director do Centro Cultural Português, Dona Alda do Espírito Santo – Presidente da UNEAS, Veoide Pires dos Santos – artesão tartarugueiro e membro fundador da UNEAS, responsável pela área em conjunto com o artista plástico Flávio Trindade e o professor João Penetra.  

De “Na Fulufá” os protagonistas como Idalécio Fonseca, Carlos Costa, Zemé, Plácivi e eu próprio (Ismaël Sequeira) entre muitos outros amigos havemos de honrar toda aprendizagem do caminho positivo feito por este homem das artes que espera muito de nós.

Se queremos ter artistas temos que formar homens artistas com os meios que temos. E o Jone conseguiu fazê-lo para que hoje tenhamos com muito orgulho a arte de esculpir no pódio desejado.

O Jone partiu para outro mundo, mas deixou com muito boa vontade o seu contributo para o crescimento da arte popular assim como das artes plásticas e este nome ficará para sempre na história da arte santomense.
 
Fragmento duma escultura da oficina do Jone.