Amâncio Jorge da Cruz mais
conhecido por Jone faleceu, vítima de doença prolongada, no dia 17-08-2015 e foi enterrado em
18-08-2015 na cidade de São Tomé.
Membro fundador da UNEAS – União
Dos Artistas e Escritores Santomenses, Amâncio da Cruz conhecido artisticamente
como Jone (John, Jones...) foi escultor desde os meados dos anos 70 aprimorando
as técnicas do baixo-relevo ainda como estudante liceal. Contemporâneo do
Cesaltino da Fonseca, Protásio Pina, Ciceroon Narciso, José Viana – Zeca entre
outros, criou a sua oficina de marcenaria e escultura em 1980, denominada “Na
Fulufa”, que viria depois a ser atelier-escola de referência no país por ter
acolhido e contribuido para a formação de novas gerações de escultores,
artesão-escultores.
A antiga escola Técnica
influenciou duma certa forma as habilidades de alguns fazedores de arte
popular. E o Jone teve contacto com algum desses fazedores. Mas as influências
do Protasio Pina e a fotografia marcou
muito os baixos relevos deste artista na segunda fase e numa terceira fase os
desenhos de Ismaël Sequeira apartir de 1986 mudou o rumo das suas composições
através de uma expressão mais criativa transfigurando as figuras humanas,
formas animadas e inanimadas. Este último gênero por sua vez foi ganhando
terreno enquanto aumentava o número de fazedores de escultura em madeira. Se
por um lado as artes plásticas se afirmava e a escultura ganha espaço artístico
a escultura popular também crescia através do movimento expontâneo que se
revelava na sociedade santomense. Aumentou o interesse dos santomenses mas os
estrangeiros (cooperantes e turistas) muito contribuiram para o aumento
comercial, valorização e reconhecimento social duma arte que ainda era conhecida
como escultura tosca.
O contributo de figuras como o
Jeam Paul – director do Centro de Documentação Técnico Científica (Aliança
Francesa), professor Maurice Elbaz – realizador e professor no Centro de Ensino
de Francês, Dr. Manuel Silva Pereira – Director do Centro Cultural Português,
Dona Alda do Espírito Santo – Presidente da UNEAS, Veoide Pires dos Santos –
artesão tartarugueiro e membro fundador da UNEAS, responsável pela área em
conjunto com o artista plástico Flávio Trindade e o professor João Penetra.
De “Na Fulufá” os protagonistas
como Idalécio Fonseca, Carlos Costa, Zemé, Plácivi e eu próprio (Ismaël
Sequeira) entre muitos outros amigos havemos de honrar toda aprendizagem do
caminho positivo feito por este homem das artes que espera muito de nós.
Se queremos ter artistas temos
que formar homens artistas com os meios que temos. E o Jone conseguiu fazê-lo
para que hoje tenhamos com muito orgulho a arte de esculpir no pódio desejado.
O Jone partiu para outro mundo,
mas deixou com muito boa vontade o seu contributo para o crescimento da arte
popular assim como das artes plásticas e este nome ficará para sempre na
história da arte santomense.
Fragmento duma escultura da oficina do Jone.