domingo, 3 de dezembro de 2017

A Criação de uma Identidade, ou uma "santomensidade" em devir


“A construção de uma identidade” é um projeto de desenho, pintura e instalação, que a partir de referências do passado político, cultural e social de São Tomé e Príncipe, propõe construir novas identidades (fictícias ou não), tendo em conta um novo espaço geográfico, apropriando-se de lugares públicos para expor os seus objetos criativos.

Preocupado com a universalidade da expressão e comunicação das suas propostas estéticas, constrói o seu discurso artístico através de alavancas ecléticas, recorrendo a uma simbiose de valores que entende que são próximos dos da sua matriz cultural.
Este projeto, que vem ganhando corpo desde 2014, é concebido através de uma análise crítica, surgindo estruturado em quatro momentos fundamentais:

1 – A(s) Ideologia(s) presentes na formação dos santomenses, no período pós independência, na qual é analisada a importância do socialismo e do comunismo para a construção de uma nova matriz sociocultural e política do novo santomense. Desenvolvimento de retratos e elaboração de ícones que fizeram de São Tomé e Príncipe um país sem rumo ideológico, apesar do esforço da educação/disciplina marxista-leninista.

2 – Pinturas refletindo memórias de infância e dos pioneiros, numa exemplar captação de valores e comportamentos dentro do regime inicial da independência política.

3 – Análise da consolidação da identidade socio-política, procurando compreender os santomenses através dos sinais do tempo. Verificando-se quase um interesse em fazer um exercício de arqueologia, procurando vestígios dos ideais introduzidos nas ilhas depois da descolonização.

4 – Realização de instalações, procurando construir novos espaços expositivos a partir das ideias acima indicadas, introduzindo objectos escultórios, desenhos, pinturas, colagens, inscrições, entre outras disciplinas artísticas, que juntas, numa cenografia sofisticada, transmitem uma mensagem estética do atual panorama artístico universal.
Este projecto pode ser entendido como um regresso das caravelas, ou dos seus filhos - nascidos nas ilhas do Equador africano - à metrópole, impondo uma nova simbiose, que espelhe a necessidade da aceitação da diferença num mundo contemporâneo, onde os fenómenos da migração têm sido um fator de conturbação.