“A construção de uma identidade” é um projeto de desenho, pintura e
instalação, que a partir de referências do passado político, cultural e social
de São Tomé e Príncipe, propõe construir novas identidades (fictícias ou não),
tendo em conta um novo espaço geográfico, apropriando-se de lugares públicos
para expor os seus objetos criativos.
Preocupado com a universalidade da expressão e comunicação das suas
propostas estéticas, constrói o seu discurso artístico através de alavancas
ecléticas, recorrendo a uma simbiose de valores que entende que são próximos
dos da sua matriz cultural.
Este projeto, que vem ganhando corpo desde 2014, é concebido através de uma
análise crítica, surgindo estruturado em quatro momentos fundamentais:
1 – A(s) Ideologia(s) presentes na formação dos santomenses, no período pós
independência, na qual é analisada a importância do socialismo e do comunismo
para a construção de uma nova matriz sociocultural e política do novo
santomense. Desenvolvimento de retratos e elaboração de ícones que fizeram de
São Tomé e Príncipe um país sem rumo ideológico, apesar do esforço da educação/disciplina
marxista-leninista.
2 – Pinturas refletindo memórias de infância e dos pioneiros, numa exemplar
captação de valores e comportamentos dentro do regime inicial da independência
política.
3 – Análise da consolidação da identidade socio-política, procurando
compreender os santomenses através dos sinais do tempo. Verificando-se quase um
interesse em fazer um exercício de arqueologia, procurando vestígios dos ideais
introduzidos nas ilhas depois da descolonização.
4 – Realização de instalações, procurando construir novos espaços
expositivos a partir das ideias acima indicadas, introduzindo objectos
escultórios, desenhos, pinturas, colagens, inscrições, entre outras disciplinas
artísticas, que juntas, numa cenografia sofisticada, transmitem uma mensagem
estética do atual panorama artístico universal.
Este projecto pode ser entendido como um
regresso das caravelas, ou dos seus filhos - nascidos nas ilhas do Equador
africano - à metrópole, impondo uma nova simbiose, que espelhe a necessidade da
aceitação da diferença num mundo contemporâneo, onde os fenómenos da migração
têm sido um fator de conturbação.