Aldeia é um conceito geográfico
de características rurais ou suburbanas, com sinais de desenvolvimento muito
reduzido. O ambiente humano é de maior proximidade e convivência relativamente
saudável, embora a tendência para a conflitualidade seja comum, muito
característico de territórios insulares. São Tomé e Príncipe não foge a regra.
É uma aldeia insular. A razão para tanta conflitualidade doméstica ainda merece
um profundo estudo. As razões históricas e de classes sociais não deve ser
explicação para os problemas. Se a pobreza e as dificuldades económicas são
também motivos para as lutas de sobrevivência no país, a desorganização
política, da administração pública e políticas erradas de desenvolvimento
socioeconómico são também razões para constantes choques entre os santomense.
A falta de vontade política
para o estado criar um povo altamente informado, bem instruído e formado com
qualificações universitárias, condiciona a população para uma vivência
mergulhada na ignorância para a satisfação dos interessados exclusivamente no
poder político absoluto com total controlo dos recursos económicos do país
criando o melhor ambiente para a corrupção e ambiência para a usurpação dos
bens do estado e do povo.
Nesta perspectiva, o nosso
arquipélago estrutura-se num modelo de desenvolvimento pobre em
infraestruturas, com uma população ignorante e o país entregue aos cães
famintos do poder que empobrecem o país sem uma classe média produtiva.
As incertezas destas duas
ilhas sobreviverem a longo prazo como país independente é cada vez mais
duvidoso. O [in]fururo é jogo lexical
que reforça o entendimento deste futuro próspero duvidoso. E toda a abordagem
estética com as suas significações, do olhar para os aspectos da pobreza
traduzem a ideia dum universo em que dramaticamente desejamos que seja
primitivo. Que o básico necessário para o se humano seja o insuficientemente
confortável e digno. Então vejamos a falta de saneamento básico e a ausência de
educação sanitária e cívica, que permite que as pessoas ainda continuem em
pleno século XXI a defecarem ao ar livre!
Que país pode atingir um alto
nível de crescimento quando as suas figuras de referência não têm casa de banho
e ambicionam ter latrina anexa a casa que nem fazem o seu uso!
É este futuro que desejamos
para o nosso país?
As pinturas traduzem
analiticamente essas preocupações em resposta ao desafio lançado pela
Biblioteca Fernando Piteira Municipal – Pólo da Boba, da Câmara Municipal da Amadora,
alusivo aos festejos do seu 3.º aniversário, para expor no respectivo espaço.
A criação de um bairro social
com infraestruturas e serviços comerciais, de saúde, educativos e cívicos num
concelho de Portugal é estimulante para analisarmos comparativamente com o que
se passa em São Tomé e Príncipe e tirarmos as nossas conclusões:
O poder político não quer o
melhor para o seu povo.
Cabe a arte cumprir o seu
papel de influenciar todos a refletirem e tomarem a consciência para um
exercício intelectual e humano para a transformação da mentalidade no sentido
mais positivo e fraterno entre as pessoas.